11 de Septembro – 20 anos
Escreveu: Fernando Goncalves Rosa
As imagens que chegam do Afeganistão eram esperadas há tempo, mas não tão rapidamente. O presidente do país fugiu com helicópteros e carros carregados de dinheiro, segunda informação divulgada pelos russos. Os membros do grupo Taliban ocupam o Palácio Presidencial, enquanto as tropas Americanas tentavam controlar o aeroporto e mais tropas tiveram de ser enviadas de prevenção para manter a segurança do Aeroporto. As tropas afegãs, treinadas durante 20 anos não ofereceram resistência quando Joe Biden, presidente americano, anunciou a retirada das tropas até ao fim de Agosto, cumprindo assim com as negociações que o ex-presidente tinha feito com os Talibans reduzindo o número de tropas de 14.500 para 2.500 e anunciando que em 2021 todos os militares abandonariam o país.

Ex-presidente Trump disse à nação que 20 anos de guerra eram suficientes, que tinha boas relações com os Taliban e que houve negociações para a retirada das tropas até Maio de 2021. Surpresa foi que essas negociações não envolveram o governo do país. Prisioneiros Talibans foram libertados como parte das negociações e reintegrados nas fileiras dos assaltantes. Somos da opinião que o maior erro norte-americano foi não ter abandonado mais cedo, ou melhor, nunca se ter envolvido no solo daquele país que é propício a criação e propagação de grupos terroristas. Depois dos ataques aos lugares americanos e da parcial retaliação dos americanos, destruindo os lugares de refúgio de Al Qaeda, não deviam ter la ficado com intenção de reconstruir a nação. O ideal seria fazer os ataques e regressar às bases. O país vai guardando os grupos terroristas, devido às condições do território e fácil aí ficarem sem preocupações. Essa ideia de recuperar e reconstruir um país, depois de destruido não é sempre o melhor ideal. Ninguém veio ajudar com os estragos norte americanos. Guerras de religião não se ganham contra fanáticos.

Há vinte anos, o mundo acordou de um pesadelo do qual os Estados Unidos ainda não recuperaram e o mundo tão pouco. Eram 8:46 da manha de New York, quando aviões das linhas aéreas americanas comandados por indivíduos de nacionalidade Saudita embateram contra as torres gémeas de Nova York, contra o Pentágono e o outro que caiu nos campos de Pensilvânia, quando os passageiros se revoltaram. As torres caíram, o Pentágono em Washington levou um rombo enorme e os campos da Pensilvânia manchados de sangue. Passados vinte anos, a nação americana não recuperou, vinte anos de ataques no Afeganistão onde morreram um grande número de soldados e civis. As ordens do Presidente Biden para a retirada das últimas tropas abriu o caminho rapidamente aos Talibans, que governaram o pais de 1996-2001, para acelerar os objectivos. Resta a evacuação, que até poderia ser parecida com a saída do Vietname. A evacuação deveria ter sido melhor planeada, quer por uma administração quer pela outra, pois desde Maio de 2020 era sabido que as tropas americanas iriam abandonariam o país, retirando mais pessoas e não ficando na posição que se encontravam de não poderem defender-se de possíveis ataques, simplesmente com 2.500 tropas. Esta é a guerra de vários presidentes e não só do último, mas é este que tem que fechar a porta. Foi George Bus , foi Obama, Trump e agora Biden. E dos americanos e dos europeus e dos aliados, mas os maiores e mais fortes são os que ficam ate ao fim, sem ter atingido os objectivos. Os talibans regressam ao poder, a um país destruído, mas altamente mudado, onde existe a corrupção, e as tropas com limitações e que se recusaram a lutar, perdendo o desejo de luta, apesar da ajuda que recebeu do estrangeiro, viram os adversários e renderam-se e amanhã juntam-se a eles. É a cultura diferente do Oeste.
Mas, regressando ao 11 de Setembro de 2011 existem perguntas no ar. Nenhuma acção foi tomada contra a Arábia Saudita (donde eram oriundos os atacantes ao território norte americano), por causa do petróleo, da compra de armamento de petródólares, de dinheiro gasto as universidades? Os Estados Unidos continuam a sofrer. Aqueles que enfrentaram os perigos pela primeira em vez estão a morrer de doenças complicadas respiratórias e com pouco apoio. Tudo em aberto.As feridas, ainda abertas, são profundas e mudara o mundo ocidental, muito especialmente os Estados Unidos, nação que nunca tinha sido atacada no seu solo – sempre faziam ataque nos solos dos outros-, Guerras Mundiais, Kuwait, Iraque, Grenada, Europa, Asia, Afeganistão.
Mas no centro do universo financeiro com os próprios aviões americanos, com pessoas e combustíveis? Nada disso antes tinha acontecido. A recuperação, vinte anos depois ter sido lenta e as cicatrizes são bem profundas e o nome de Al Qaeda tem sido uma constantenas notícias mesmo depois da morte de Bin Laden. Considerando os sacrifícios e custos que houve ao longo dos anos, ver a imagem de 20 anos depois, de o palácio presidencial de Afeganistão ocupado pelos Taliban de metralhadora americana em punho e a confusão e desespero no aeroporto não ajuda a imagem dos Estados Unidos e dos seus aliados.
Pensar que todo o equipamento com toda a nova tecnologia paga pelos americanos vai ser usado pelos inimigos de 20 anos e ainda mais difícil de entender. 11 de Septembro de triste memoria voltou a ser noticia em Agosto de 2021. Um preço alto pago pelas forcas ocupantes e pelo país ocupado.
Presidentes Bush, Obama, Trump visitaram a base de Bagram fechada em julho de 2021
Em Março de 2020, o governo do Afeganistão controlava somente 133 das 400 capitais distritais, quando o governo americano liderado por Donald Trump assinou o tratado com os Taliban, em Doha, no Qatar para a retirada das tropas até 1 de Maio de Trump disse à nação que os Estados Unidos iriam terminar o seu envolvimento na guerra que já durava há 20 anos, mas não completou o seu trabalho antes de ser derrotado e claro que agora a culpa é de quem está no poder.
Rússia passou 10 anos em guerra no Afeganistão (1979-1989).
Este desenlace termina com os Talibans passarem a ter ao seu dispor equipamento e armamento sofisticado e de alta qualidade para usar nas suas próprias pessoas e compartilhar com os seus aliados, para poderem ser duplicados. E todas as mudanças operadas no seu país, vão ser canceladas.
Algumas estatísticas para melhor compreender esta guerra- a mais longa da história americana.
• Inicio da guerra em
7 de Outubro de 2001 em esposta aos ataques de 9 de Septembro 2001, em Nova York, Washington e Pensilvânia.
• Mais de 100.000 tropas americanas passaram pelo Afeganistão
• 2.448 militares mortos, segundo informação de Linda Bilmes, da Harvard University’s Kennedy School and the Brown
University, do projecto custos da guerra, segundo as noticias divulgadas pela Associated Press. alem dos militares,
3.846 contractores americanos perderam a vida.
• 20.662 feridos
• Custo de mais de 2 Triliões de dólares (45 biliões por ano) em operações militares, treino, forças de segurança, reconstrução e desenvolvimento económico sem incluir os futuros custos médicos e despesas com as doenças dos soldados)
• 64.121 tropas mortos e 45.000 civis Afegãs morreram.
População afetada 37 milhões
• 58.000 Bombas lançadas, 41.000 Humvee capturados,21.000 Ford rangers e 6.000 trucks.
- Agosto 17.2021
