Meco -Praxes?

Li com pena a noticia que seis jovens perderam a vida na Praia do Meco. Uma onde de tristeza me invadiu a alma. Nao conheco os jovens. Nao sei o que aconteceu nem onde fica o Meco. Nao sei o que causou tal tragedia. Sei que sera dificil compreender a dor da familia. Sera parte do papel policial de investigar o caso e encontrar as causas deste tao tragico accidente. Comecar primeiro por saber o que se passou, depois como se passou e finalmente se alguem e responsavel por o que se passou. Foi accidente ou e um caso criminoso? Se e criminoso alguem tera que ser responsavel. Quando ha morte inocentes nao podera haver silencio. O universo ha nossa volta precisa de saber. As mortes fizeram ultrapassar todas as regras e anomalias de silencio e reclama. Para que nao volte aacontecer. E teremos que chorar todos pela perda dos jovens e fazer alombar com a tragedia os responsaveis.
Ja se fala, escreve sobre as praxes. Tomam-se posicoes, emitem-se opinioes, manda-se ar quente ca para fora…mas os factos (“Where is the beef?”) onde esta o relatorio da policia? O que deixa transparecer? Sera que nada esta a ser investigado so porque pensam que e uma parte da Praxe?
SEIS Jovens morreram. Entendem? Nao e uma brincadeira… se fossem meus filhos, quereria saber o que aconteceu. A familia merece uma grande explicacao. Poderia ter sido um accidente, por vezes as brincadeiras mais bem planeadas, teem um mau resultado e nao esperado. Acontece.
Talvez tenha sido uma praxe mal executada… Nao sei. Talvez as regras das praxes precisem de ser revistas. Nao ha numa praxe academica que possa justificar essas mortes. Accidentes acontecem. E importante aprender que NUNCA mais possa acontecer.
Praxes nao devem ser simbolos ocultos de fachismo, nazismo, etc. Podem ser engracadas, apesar de aqueles que as sofrem nao lhe acharam piada nenhuma, mas reconhecem o valor mais tarde. (Recomendo a leitura da Porta de Minerva de Antonio Jose Branquinho da Fonseca (1905-1974) escrito em 1947. O autor era natural de Mortagua, formou-se em Direito na Universidade de Coimbra e faleceu em Cascais). Nem tudo e mau nas praxes, mas quando elas provocam tragedias e causam mortes tera que haver responsaveis pela perda de vida. Ha algo muito mau!
Fui educado longe de Coimbra e fora de Portugal, numa universidade estadual e onde tambem era permitido uma forma diferente de Praxe. Existia o “Geek System” de Fraternities (fraternidade, associacao de estudantes) e Sororities,(uniao de estudantes de mulheres) que era completamnte voluntario. Um genero de pequeno club social em que os actuais membros, escolhiam os futuros membros e depois os treinavam num periodo de 4-6 semanas. As organizacaoes eram voluntarias e os membros custeavam todas as sua despesas, festas, convivios, projectos mas estavam todas debaixo das alcadas da universidade e qualquer violacao das regras poderia levantar a revogacao de poder actuar no campus. Algumas eram aplicavam mais o concepto fisico, outras psicologico e algumas ambos. Manter os pleges em forma fisica e desenvolver a mente. Infelizmente o grupo a que pertenci teve umas alturas, ja depois de ter saido, que nao se portou como devia e foi proibido de existir e actuar no Campus da Universidade (cerca de 18,000 alunos). Cada universidde tinha na media 6-9 Fraternidades (talvez 40-50) e 4-6 Sororidades (15-20). O “pledge period” comecava, ja depois de os cursos terem sido escolhidos e cada fraternidade era unica da maneira como conduzia o seu pledge period. Eram um perido diferente e os Pledges nao eram todos caloiros, mas eram na grande maioria. Talvez novos no campus, vindos de outras universidades com era o meu caso. No primeiro dia de actividade a cada pledge era dado “Um Big Brother” cuja missao seria proteger-lo, ajudar e prepara-lo durante o tempo de pledge. Essa era um tempo de conhecer pessoas, aprender disciplina, planeamento, horarios, e por vezes de peso psicologico, de responsabilidade. Por examplo durante um periodo de 5 semanas e meia foi sujeito a reunir com os meus novos colegas todos os dias no lugar destinado ao nosso grupo dentro do Centro estudantil. Angariei fundos para organizacoes, lavei carros da policia, fui buscar “brothers” contaminado de alcool aos varios clubes, aprendi a beber uma lata de cerveza de uma vez, aprendi a ser mais duro mentalmente, aguentar mais um pouco a dor mesmo provocada pelo frio, aprendi a planear, a sentar num baloico durante varias horas com um frio tremendo, e uma pequena fogueira ao lado com o objectivo de conseguir presentes para o Natal de criancas necessitadas, aprendi a ser mais generoso e quem sabe mais humano, e a ter um grande respeito pela vida humana. Os tipos que entravam na Primavera tinham outras coisas…para fazer. Aprendi a trabalhar em equipa e a confiar mais noutros. Aprendi que me levaram ao maximo em esforco fisico e psicologico e que me fizeram chorar (mesmo sem eu querer) sem me baterem. Vivia durante esse tempo pensando sempre no pior que ia acontecer mas nao aconteceu. E sempre me incitaam e ensinaram que desistir nao era uma opcao. Tudo que se comeca deve acabar-se. E os meus novos “brothers” que puxaram po mim, sempre tambem tentaram proteger-nos para que cada de mal fisicamente nos ocorresse. Aprendi que ha honras no grupo e por vezes mal estar e teve de aprender a trabalhar com os dois. Aprendi tambem solariedade, quando um dia me vi rodeado por um grupo de individuos, outros individuos estudantes, que me ameacaram de espancar-me por nao ser deles que os “brothers” logo vieram em socorro para criar uma autentica batalha campal. Nos defendiamos a cor que usamos. Aprendi que o simples mencionar da tua fraternidade te abre as portas onde existem outros da mesma, mesmo nao se conhecendo. Sei que terminei esse periodo, tempo antes dos exames finais de semestre completamente exausto mentalmente e na noite em que terminou, chorei, celebrei e depois dormi 48 horas. Acordei quando um dos fraters “precisamente o meu Big Brother – que me protegia – chamou a perguntar se estava OK, porque ainda nao tinha aparecido. Minha recompensa foi mais tarde ter um “little brother” que muito anos depois ainda somos amigos.
Entendendo certas actividades, acho estranho o que se passou la nesse lugar do Meco onde quer que seja e como foi possivel leva-los a afogarem, sem serem socorridos. Amigos nao matam amigos! Amigos, irmao, socorrem amigos, pedindo ajuda quando e incapaz de ajudar, mesmo sabendo que ira pagar o preco. Nao entendo. Nao sei o como pode acontecer!
Sempre me fascinou a mitica da Universidade de Coimbra que e muito diferente daquela da Universidade que frequentei, ja fundado em 1849.Anos volvidos, adulto, passei em Coimbra explorei o espaco universitario da cidade e me levou a procurar mais informacao sobre essa mitica instituicao. Voltei varias vezes mas um dia na companhia do meu filho (nascido fora do pais e que estudou numa universidade Jesuita em New York) a pisar o espaco, a ver a Torre, a enorme estatua, a porta ferrea, a biblioteca Joanina, as Republicas (vem a indicacao do Rapa o Tacho)a grande exposicao que nos educava sobre a greve estudantil do fim da decada dos 60’s e as sementes que levaram a Revolucao de Abril de 1974. Tenho familia que conviveu com alguns desses lideres e passou a juventude em Coimbra. De tanto que se falou do que pasa nessa universidade era importante para nos os dois entendermos. Ao fim e ao cabo a Universidade de Coimbra e a mae educadora de uma nacao – durante muitos anos, era tudo de Coimbra. Sabemos que foi fundada em Lisboa pelo Rei Don Dinis em 1290, mas pouca depois de atingir a maior idade foi transferida para Coimbra em 1308, dizem que talvez devido a emancipacao do pais da Igreja ou devido aos conflictos dos estudantes com os residentes de Lisboa. Coimbra ja era a fonte de alta educacao, onde existia o Mosteiro de Santa Cruz. Hoje a universidade educa cerca de 20,000 estudantes dividas por 8 faculdades.
