Eleicoes Presidenciais 2012

 

2 de Novembro de 2012, 14:33
Não há memória de candidatos tão opostos

As eleições presidências colocam frente a frente duas filosofias bipolarizadas, tão opostas que não há memória da última vez que isso aconteceu  (Fernando Rosa)

por Fernando Gonçalves Rosa *

As eleições presidencias colocam frente a frente duas filosofias bipolarizadas, tão opostas que não há memória da última vez que isso aconteceu. De um lado, há um grupo que não aceita nem diálogo nem compromissos. Está de tal maneira entrincheirado na sua maneira de pensar, que não abre a conversa. É uma rua de sentido proibido.

Quanto aos candidatos, Mitt Romney é o símbolo completo do caucus empresarial que pensa nos lucros a todo o custo, não olhando a meios (incluindo o encerramento de fábricas e colocando trabalho no exterior). Obama tem tido quatro anos difíceis, tendo herdado muitos e grandes problemas, tanto no plano internacional como no plano económico. Duas filosofias de sobrevivência tão separadas e diferentes. Onde vai parar a classe média?

O “Obama Care”, o novo plano de saúde já aprovado por esta administração, é um dos grandes pontos de discordância. Mas um país como os EUA não pode continuar com muitos dos seus cidadãos sem acesso a serviços médicos básicos. Além disso, sabemos que as salas de urgência não podem ser a solução para os 40 milhões de pessoas que, atualmente, passam por elas. Sem cuidados preventivos vamos ter uma sociedade ainda com mais problemas médicos. Continuando neste caminho, vamos arruinar os serviços necessários e os hospitais.

Talvez o “Obama Care” não seja a solução definitiva, mas é um começo que não pode ser ignorado. Pode, e deve, ser alterado e reajustado para encontrar uma melhor solução.

Os latinos vão ter um palavra a dizer nesta eleições. Neste momento, há 23.7 milhões de habitantes de origem latina que podem votar – um aumento de mais de 4 milhões desde 2008. Em relação ao eleitorado geral, representam 11%. Cerca de metade dessa população considera os serviços de saudades prioritários. Em 2008, o Presidente Obama recebeu 67% dos votos hispânicos.
Nos oito estados de batalha – Colorado, Flórida, Nevada, New Hampshire, Carolina do Norte, Ohio, Virgínia e Wisconsin –, 65% dos latinos apoiam Obama. Na maioria dos outros estados, essa percentagem sobe para 70%, segundo o Pew Research. Essas mesmas estatísticas dizem que cerca de 67% dos latinos vão votar no dia 6 de Novembro.

Em relação ao Medio Oriente, 63% dos eleitores querem menos envolvimento direto. Quanto à mudança das lideranças de cada país, a maioria considera que deve ser deixada aos cidadãos de cada país. A grande maioria dos americanos (73%) defende também um regresso a casa das tropas no Afeganistão.
A relação com a China está a tornar-se cada vez mais complicada. 78% dos americanos mostra-se imensamente preocupado com a grande dívida que os EUA têm com a China. E 71% dizem que a constante saída de empregos para a China se tornou um problema.
Estas são eleições polarizadas nos valores básicos de um país. Romney disse que 47% dos americanos são dependentes do governo, mas esse número inclui os reformados e os beneficiários do Seguro Social.
Romney, que assenta a sua base politica na atuação como governador do estado de Massachusetts, é um bispo da religião Mormon. Os Mormons são um grupo ultraconservador e altamente devoto. A religião está ligada à Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, uma minoria num país onde 78 % da população é Cristã (dividida entre católicos e protestantes). A religião foi estabelecida em 1847 e representa 58% dos religiosos do Utah.
Economia, relações internacionais, religião, emprego, maneira de governar – em todos estes pontos, os dois candidatos seguem caminhos paralelos, com pouco ou nada em comum. Um apoia-se muito mais no estabelecimento da classe média, outro continua a defender a teoria de que os ricos devem pagar o mínimo de impostos e ter um mínimo de envolvimento do governo. Sem um mínimo de diálogo os problemas desta nação nunca serão resolvidos.
Mesmo com estas grandes diferenças, é possível um diálogo construtivo. Nenhum dos lados terá tudo o que pretende, mas o país irá beneficiar. Quatro anos de marradas já é suficiente.

*Fernando Gonçalves Rosa é presidente da PALCUS (“The Portuguese-American Leadership Council of The United States”) há três anos. A organização luta pela maior representação da comunidade portuguesa em todos os órgãos políticos.

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