Barroso na imprensa Mundial
Escreve Fernando Goncalves Rosa

O prestigiado jornal New York Times publica na sua edição de 23 de Novembro um extenso artigo com varias fotografias que mostra ao mundo duas aldeias do Barroso, apresenta varias pessoas e fala-nos no COVID 19 e nas minas de Litio. E parte do projecto –Through the Lens– através das Lentes apresentando lugares espectacularmente lindos e pouco visitados.
O trabalho e da autoria de Andre Vieira, fotografo free lancer nascido no Brasil. Em 2017 resolveu trocar a cidade carioca pela cidade das sete colinas e ai continuar a sua vida profissional de fotografo. Os seus bisavos eram oriundos do Barroso e tinham partido a procura de uma vida diferente. As suas origens no Barroso levaram-no a explorar s suas raízes, num projecto a que foi o titulo de Snapshots of Daily Life in a Remote Region of Portugal -.Retratos da vida diária numa região remota de Portugal. E varias publicações nacionais e internacionais já se referiram a esta reportagem. Mas o que mais impressionou nesta viagem ao desconhecido?
— Pra mim o que mais impressionou foi ver o enorme apego dos moradores à região. Como, apesar de toda a história de dificuldades, eles amam aquele lugar, mesmo aqueles que emigraram há décadas. Também a consciência que eles têm da riqueza do estilo de vida que eles vivem.
A sua primeira visita ao desconhecido levou-o ate a aldeia de Vilarinho Seco que ele apresenta como uma das mais bem conservadas aldeias do Barroso. Fica perto da Serra das Alturas a 965 metros de altitude. Tem o seu forno do povo e a uma Taberna do Pedro (Largo da Capela).
Dai partiu para Covas de Barroso. Uma pequena aldeia com a área de 29.58 Km2 e cerca de 262 habitantes. Ambas ficam no concelho de Boticas. Covas de Barroso pertencia originalmente a Montalegre ate que em 6 de Novembro de 1834 foi formado o concelho de Boticas.
Um área de altas montanhas e grande planaltos – Covas De Barroso tem um rancho folclórico, recuperado depois de estar parado durante anos, um forno publico que ainda coze semanalmente.
E obviamente veio a balda a minas e exploração do Litio e a inconcevivel ideia de dar um contracto de exploração sem contactar os locais e saber as suas opiniões. Um dos individuos afirmou que ficar nas Covas de Barroso foi por opcao, pois teriam outras possibilidade, se assim o quissessem. Os residentes não estão interessados em vender por um preco ridiculo as suas terras, e não querem as aguas contaminadas e a sua maneira de viver mudada. As minas deixam enormes marcas no meio ambiente, com enormes buracos a ceu aberto e as contaminacoes do subsolo. Minas não são algo que se tapam facilmente. Lembram do que aconteceu no Brasil com uma das minas e a contaminacao que causou. E quais são os benefícios para os locais? Quem recebe os grandes benefícios, lucros das minas? O governo? As companhias? Os locais?
Fernanda do Paco Goncalves, abandonou a sua terra em 1979, casada com Francisco Rua de Codecoso (Montalegre) fez a sua ultima visita há três anos. Actualmente reside nos Estados Unidos. Toda a família se transferiu para um pais novo. Eram 5 raparigas e um rapaz e pertencem ao Serafim de Covas. Recorda que a sua aldeia, que dista 6 km de Campos, faziam a malhada do centeio com os malhos, a desfolhadas e as vindimas. Que havia três escolas, uma de rapazes, outra de raparigas e uma mista para os mais pequenos. Esta ultima tornou-se em casa funerária (Andre Vieira dizia na sua reportagem que havia 2 criancas na aldeia).
E a Fernanda e as amigas também tem a sua opinião sobre as possíveis minas do lítio.
– Não estamos nada de acordo. As minas vao destruir metade da aldeia, vao contaminar a agua e o mais importante e que as pessoas vao perder o seu sossego que tanto apreciam no dia a dia. Com o partir da pedra e trabalhar 24 horas por dias nem dormir se pode. E o que a aldeia vai ganhar com isso? Não, não, não estamos de acordo.”
The United Nations Food and Agriculture Organization organizou um programa para proteger as áreas de agricultura Globally Important Agriculture Heritage System e uma da primeiras regiões da Europa a ser reconhecida foi o Barroso- uma área isolada, remota e conhecida pela montanhas, mas com um sistema de agricultura ainda único – onde tudo se cultiva e tudo se aproveita, maximizando os recursos naturais e a divisão pelos habitantes.
Andre Vieira que nos apresentou a família dos Coelhos, dos Pires, duas crianças que vivem na aldeia, ai passou varias vezes, conheceu os residentes, como eles confraternizou e ficou a conhecer o seu modo de viver. Foi premiado varias vezes e esta ligada a Cosmos Photo e Agentur Faces – adora trabalhar em documentários e este seu trabalho levou o Barroso (Montalegre e Boticas os dois concelhos que formam a região) a vários cantos do mundo e foi com orgulho que vi os meus amigos divulgarem nas varias plataformas e uma nota que tínhamos chegado a imprensa mundial.
Novembro 2020


Andre Vieira