9/11/2011

11 de Septembro de 2001

Tudo aconteceu num apice de loucura. Estava a sair de uma reuniao um tanto ou quanto atribulada do Conselho Directivo da companhia quando o meu colega me chama atarefado e diz –me que um aviao tinha embatido nas Torres Gemeas. Pensei que era um aviao pequeno mas quando vi as imagens televisas logo me apercebi das chamas que ja devoravam a Torre. Pouco tempo depois um segundo aviao embateu na segunda torre e comecaram a chegar as reportagens de um terceiro aviao e de um quarto. E o nervosismo se apoderou de mim. O que se estava a passar  em terrreno Americano e como isso era tudo possivel?

De repente pensei que o meu filho Marc Filipe passava junto as Torres todas as manha vindo no Ferry de Staten Island para trabalhar em Manhattan. E passei o dia todo a tentar contacta-lo e a responder nervosamente a chamadas de pessoas a perguntarem por nos e por ele.

Pouco a pouco apercebi-me da gravidade da situacao, dos perigos da destruicao. Dias mais tarde desloquei-me a Washington para assistir a Gala da PALCUS e Jim McGingley foi me mostrar aquilo que nao me tinha apercebido fiquei ciente. O enorme buraco no Pentagono e toda a destruica a sua volta.

0 11 de Setembro mudou tudo a minha volta. A minha maneira de viver, de viajar, de pensar. Em nome da seguranca tudo mudou ja tenho que tirar os cintos, os sapatos e o casaco para poder passar na seguranca. Olho a minha volta e ja nao ignoro as pessoas que me rodeiam. Passei a tomar mais atencao. Passei a ver coisas que antes passavam despercebidas e passei a dar-lhe importancia. Por vezes importancia demasiada. Passei a fazer perguntas que por vezes nao tem respostas e a ficar admirado como certas coisas feitas em  nome da seguranca. As pessoas com as caras cobertas entram no aviao, sem a mostrarem para nao serem ofendidas, e outros sao fiscalizados ate ao ossos. Deu-me a nitida impressao que as chamadas regras eram dificieis de aplicar e certos mais sensativos de que outros. Mas com tudo isso nunca me senti mais nem menos seguro. Acho isso tudo um enorme incomodo ao qual me sujeito em nome de viajar mais seguro.

Mas nao senti que as mesmas regras fossem aplicadas nos comboios onde viajam milhares de pessoas diariamente. Mais policias, mais presenca nas estacoes de comboios mas pouco ou nada nas entradas para o  comboio. E convenci-me tambem que apesar de toda a presenca e seguranca que os sistemas de transportes publicos nao podem ser totalmente protegidos contra individuos com intencoes destructivas. E ficou a prova em Espanha e em Londres do que e possivel quando se torna impossivel.

Mas se todos esses incomodos, se todas essas revistas, se todas essas segurancas, evitarem um so accidente, ficou contente de me ter de sujeitar a elas.

Septembro 11, 2011 dez anos depois nao apagaram da memoria nem as imagens de destruicao, nem as percas que tiveram lugar, nem a incompreensao que as pessoas foram pulverizadas e simplesmente desapareceram.

Fernando G. Rosa

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